terça-feira, 20 de setembro de 2011

Pretendo em meu trabalho de pesquisa estudar duas poéticas corporais que representam formas de suspensão, dilatação ou supressão do tempo, que são a repetição e a paragem.
A partir de várias leituras, encontrei ao meu ver, a melhor forma para falar das questões antes vistas num outro ângulo.

A repetição é vista por estudiosos como um dos principais sintomas da humanidade em função da sociedade capitalista a qual se está inserido e que exige cada vez mais produção em virtude do sistema econômico, das estruturas sociais e do desenvolvimento tecnológico do século XXI.

Na arte a repetição é vista como fragmentação, incompletude, ao esvaziamento dos sentidos, desconforto e entorpecimento da razão e das sensações. Na dança contemporânea especificamente os trabalhos de Pina Bausch tratam, entre outras coisas, da repetição. Ciane Fernandes, pesquisadora em dança, explica as diferentes formas que a repetição se manifesta dentro dos trabalhos da coreógrafa alemã e cita que a “repetição quebra a imagem dos bailarinos como “seres espontâneos”, revelando suas insatisfações e desejos numa cadeia de movimentos e palavras repetitivos” (FERNANDES, 2000, p. 22) .

Com relação a paragem, atos parados, still acts e também denominada de small dance, busca-se uma força poética latente nos micro-movimentos. Quando se refere a paragem como cita Lepecki, não se representa uma forma de congelamento do tempo, mas da suspensão, da dilatação e flutuação. “O parado aí deriva de uma redistribuição da abrangência do movimento significante na dança assim como uma reinvenção das expectativas em relação à fluidez como característica definidora da dança” (LEPECKI, 2005, p.13). Também segundo Lepecki, os atos parados surgem em momentos de inquietação da sociedade, da ansiedade que habita os corpos.

Nalu da Rocha

Um comentário:

  1. Interessante o caminho que tomou seu trabalho Nalu, acredito que a repetição seja uma área muito abrangente de pesquisa que pode relacionar varias coisas em seu estudo.
    A repetição esta presente na maioria das ações cotidianas, e raramente nos damos conta disso, esse olhar mais apurado as repetições devem ser bem refinados ara dar um sentido e conotação artística para o ato de repetir.
    Essas relações com outros olhares de repetição na dança acredito ser de extrema importância para vc firmar o seu olhar, e continuar sempre criando relações que instiguem cada vez mais o processo de pesquisa.
    BRUNA ZEHNPFENNIG

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