segunda-feira, 3 de maio de 2010

e se fossemos analideos dançantes?


Meu estudo sobre a constituição da minhoca em relação ao corpo humano ,traz a ideia de que a nossa coluna é como os anéis da minhoca um sobre o outro formando um corpo só. A nossa coluna vertebral é constituída pela superposição de uma série de ossos isolados denominados vértebras. Então abordei a problemática: por que não abstrairmos a ideia de que a coluna da minhoca é seu próprio corpo e tentarmos fazer do nosso corpo todo( braços, unhas, pés, cabelo, etc) nossa própria coluna? Em experiências realizadas em sala de aula, muitas vezes percebe-se que o corpo não da conta de experimentar a real sensação do que ter uma coluna em outras partes do corpo muito menos fazer do corpo a coluna. A movimentação também nos traz um empasse: mover-se como? Com todo o corpo ? Pois nossa coluna pode mexer partes isoladas como por exemplo, a regia cervical , lombar, Torácica ou Sacro-Coccígea. Ou mover-se com partes interligadas? Sendo que ao analisarmos uma minhoca ou qualquer outro anelídeo se locomovendo veremos claramente que, se começa por um determinado pont( geralmente a cabeça) esse movimento passa por todo o corpo e termina n calda, ou seja se nao houver essa ligaçao nao há locomoção. Em consideraço final desse trabalho, da parte pratica, posicionei-me ao ponto de explorar todas as movimentaçoes em relaçao aos anelideos passando por todas as partes do corpo, nao esquecendo de que eu era uma coluna, que gerava toda e qualquer movimentaçao a partir da ideia dos aneis que me segmentava do topo da cabeça até as pontas dos dedos dos pés. BRUNA N. ZENHPFENNIG

domingo, 2 de maio de 2010

Acontecida







[...] Não gosto do que acabo de escrever – mas sou obrigada a aceitar o trecho todo porque ele me aconteceu. E respeito muito o que eu me aconteço.[...] Clarice Lispector, in Água Viva


Nesse vai e vem de dias, confusão das horas e dos sentidos apresento a vocês o relato da minha experiência vivenciada na aula de composição coreográfica I da ministrada por Rosemeri Rocha na Faculdade de Artes do Paraná, na qual curso o terceiro ano de Bacharelado em Dança.

A proposta lançada pela professora foi uma pesquisa individual de movimentos partindo do tema central coluna vertebral. Num primeiro momento me veio à mente a coluna vertebral e sua estrutura óssea, no entanto, estou vivendo um momento no qual estou bem insatisfeita com a maneira como eu me organizo nos meus movimentos, pois há trabalhos que já faço a algum tempo que estão impregnados em mim, e eu não consigo mais me mover de outra forma, um dos meus “vícios” de movimento está justamente na mobilização constante e intensa da coluna, então procurei buscar restrições para mim, a fim de me colocar em novas experiências.

Então dada a minha vivência de estágio, que me trouxe o trabalho com peso e chão em outra perspectiva, acabei por encontrar um novo desafio, trabalhar a coluna na horizontalidade do chão, assumindo o peso desses ossos e adicionei a isso a busca de deslocamento sem a utilização das extremidades. No entanto, a minha regra de não utilização de extremidades se mostrou ineficienciente, pois era impossível me deslocar no espaço sem nenhum apoiozinho do braço ou das pernas, então percebi que seria necessário incluir as extremidades, mas de outra maneira, apenas como apoio estritamente necessário. Após essa tomada de consciência, estabeleci trajetórias a serem realizadas no espaço, e depois de muitos queimados no ombro e no queixo cheguei a movimentos que não só cumpriam as trajetórias no espaço, mas também desenhavam círculos ou linhas retas, e ainda tinham uma espécie de aceleração e qualidade de lançamento de tronco/impulso da cabeça.

Durante essa trajetória, compartilhei da experiência da Mariana com os apoios, e acabei por incluir isso no meu trabalho, mas de maneira ainda muito inicial... Além de achar numa imagem do livro Terra de Sebastião Salgado uma tradução/aproximação temporária para minha proposta de movimento...

Porém o que mais me marcou nesse processo foi observar o que me acontecia durante e depois do trabalho com esses movimentos... Pois parecia que minhas confusões de ser humano ficavam ainda mais evidentes durante a realização da proposta, esse é um período de muita confusão na minha cabeça, pois é o momento de tomada de consciência da queda constante, de transformação incessante de tudo o que está sobre a terra, e do imenso descontrole/saturação dos nossos mecanismos sociais... São coisas bonitas mais muito difíceis de lidar na experiência encarnada do mundo... E, nesse momento no qual escrevo, me vem a percepção de que minha escolha de trabalhar no chão se deu pela aceitação da gravidade como processo da vida, já estamos no chão e é nele que provisoriamente vou me digladiar com as minhas questões...

Ontem li o texto A dramaturgia do corpo e seus processos comunicacionais de Christine Greiner, uma dos textos de discussão do bimestre, e num trecho ela diz: tempo presente que carrega e modifica passado e futuro... Acredito que essa experiência apresentada na aula de composição coreográfica está nesse lugar, foi a partir do meu repertório (já bastante explorado na vertical) que cheguei aos movimentos atuais que ainda me parecem tão estranhos e que repito muitas vezes por ainda não saber direito como me organizar para executá-los, eles de alguma forma carregam minha ação em transformação no mundo... E como está ainda nesse texto: em se tratando de tempo, tudo é provisório... O trabalho apresentado foi à síntese provisória do meu jeito de acontecer dentro deste tempo-espaço com a provocação coluna vertebral vibrando e ecoando pelos meus poros ... A forma como me re-des-organizei...

“...que palavras sejam gestos, gestos sejam pensamentos, da voz que move nossos corações..." { Vander Lee, música A voz do cd Naquele verbo agora}


por Rose Mara Silva

sábado, 1 de maio de 2010

preenchimento de contorno

Para pensar a coluna não é preciso separar a coluna do resto do corpo. Na minha composição experimentei o preenchimento da coluna e o contorno dela em si e dela no espaço. A respiração foi um lugar chave para mim, depois com a experimentação a percepção dos músculos abdominais se tornou muito claro para o que eu vinha me propondo.
No meio desse caminho de experimentação , desloquei meu joelho esquerdo e tive que adaptar meus movimentos cotidianos para recuperar o joelho. Foi então que percebi que nas pequenas mudanças que tive que fazer o peso estava sendo sustentado de outra maneira, meu assoalho pelvico tinha que estar acionado mais vezes, minha coluna tinha uma trasferência de peso sutíl e apurada, a bacia sempre sustentada para não sobregarregar o joelho. E comecei a experimentar no dia a dia , andando na rua, comendo, fazendo aula de ballet, deitada. Tinha uma posição com os ísquios encima do calcanhar que possibilitava em trabalhar meus quadríceps e mesmo assim tem uma mobilidade incrível da coluna. Um dia que a minha lombar estava muito dolorida fui tentar alongar ela e percebi que naquela posição a respiração me ajudava a alongar e a sensação era de um volume , um preenchimento muito intenso. E depois caminhando na rua e em forma de experimentação em casa fui vendo como essas mudanças se davam no meu andar.
Como eu disse no dia da apresentação experimentei, mas como a matéria é de compasição coreografica , a intenção era mostra uma célula mesmo, que pudesse ser repetida e que oudesse ser uma dança e não uma mostra do meu processo. Queria poder tranmsformar até onde eu cheguei, mesmo que não fosse muito longe, mas como forma de dança mesmo.
( malki pinsag)

O Corpo Como um Todo


As motivações que me levaram a estudar a coluna vista como ponto principal da reverberação do movimento foi sentir este ponto como unânime no corpo, tudo surge na coluna,cada motivação cada sensação se espalhando no corpo como um todo e gerando o movimento.
Para o ponto de partida do estudo tentei mobilizar a coluna como se ela fosse unânime na produção do movimento, para isto imaginei toda a região de traz do meu corpo como se fosse a frente, me movimentei imaginando como se meus olhos e minha boca estivessem na parte de traz para sensibilizar toda esta região, o resultado deste exercício foi uma parte posterior do corpo muito mais presente e acordada ao me movimentar, facilitando o enfoque do movimento nesta região.
A conclusão deste trabalho foi que na maioria das vezes nos movimentamos apenas pelo confortável ou seja aquilo que consideramos mais evidente no corpo, esquecendo de mobilizar o corpo como um todo, se pensarmos num corpo tridimencional sem frente e sem traz mas sim como um todo o movimento fica muito mais presente e vivo.


Eraldo Alves