
O corpo em movimento, no tempo e no espaço – segundo Merce Cunningham – é uma das definições do que é dança para muitos teóricos e pensadores da arte.
Quando pensamos em dança, sempre se tem em mente um corpo ‘TOTAL’, com cabeça, tronco e membros, todos em plena mobilidade.
Mas pensando assim, a arte dançada apenas se daria por pessoas com total domínio de sua mobilidade motora, utilizando conscientemente seus músculos para produzir dança?
Meu estímulo para desenvolver essa partitura partiu de uma imagem urbana – que muitos curitibanos já conhecem. Um sujeito que faz parte do cotidiano dos transeuntes da rua XV de novembro: O TOCADOR DE FLAUTA SEM PERNAS.
Após algumas observações me pus a experimentar movimentos que não envolvessem os membros inferiores – tarefa esta difícil para quem há anos tem consciência de como se locomover através delas. Após algumas tentativas, percebi que o mote para a pesquisa seria a “intenção” de não mover as pernas e que aquela imagem seria o ‘ponto de relação’ entre a maneira como o meu corpo move o tronco somando a intenção de imobilidade das pernas.
Seguindo o pensamento de cunningham, pensei em basear essa experiência na parte de cima do corpo, utilizando cabeça, tronco e membros para criar uma frase coreográfica – artisticamente instigante, onde os membros inferiores fossem anulados de estímulos para compor a estrutura do trabalho.
Alguns grupos já utilizam de deficientes físicos e pesquisam estratégias de movimentos que atinjam propostas artistas. Nessa pesquisa intencionei propor um trabalho artisticamente rico e expressivo capaz de anular a relação deficiência X dança de forma negativa, mostrando que talvez seja possível colocá-lo em prática com deficientes de verdade.
“A ARTE ESTÁ NA ALMA DE QUEM FAZ, O CORPO APENAS
EXTERIORIZA TAL ESTADO INTERNO.”
Por Israel Becker
Bailarino, pesquisador em dança e graduando pela Faculdade de Artes do Paraná
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