
Através de rastros deixados pela pesquisa anterior focada na coluna vertebral, emergiram questões relacionadas à busca pelo corpo comunicante, a comunicação humana, a troca de informações. Envolvidos neste processo de comunicação, existem maneiras infindas que permitem interagir e efetuar trocas informacionais, pois o estudo da comunicação é amplo e sua aplicação é ainda maior. Comecei a pensar em novos processos de comunicação, que englobasse a comunicação em massa, e a comunicação pessoal.
Desta forma, busquei a fotografia como mote desta pesquisa de corpo, comunicação e dança. A idéia determinante neste estudo é relacionar a fotografia com a dança, o que têm em comum dentro dessas duas áreas resultantes em um processo de comunicação, nos quais utiliza sistemas simbólicos como suporte para este fim.
Logo de início, surgiram várias indagações, pois trata-se de um tema que pode seguir diversos caminhos, os quais ainda não foram delimitados. A imagem, assim como a dança, por ser uma linguagem específica, torna-se mais flexível de compreensão, por suportar em sua estrutura vários significados. Esta relação da imagem com a dança, é permeada de sentidos que falam à vivência do espectador, reelaborando e permitindo o surgimento de experiências. Seu caráter polissêmico permite diversas e infinitas leituras.
De acordo com o artigo: “Para salvar do esquecimento: da fotografia ao teatro da morte de Tadeusz Kantor”, de Thais Helena D’Abronzo e Maria Irene Pellegrino de Oliveira Souza, a fotografia é o rompimento com a realidade cotidiana, pelo aprisionamento do tempo, contrapondo-se ao cotidiano contínuo. O disparo da câmera é o corte definitivo do tempo-espaço com a realidade cotidiana; é a quebra da continuidade do cotidiano.
Há uma frase de Dubois que diz: “O olho jamais vê aquilo que está fotografando. Ou ainda: fotografar é não ver”. A meu ver, na dança, esta analogia permite pensar na incerteza daquilo que será comunicado, por mais que esteja estruturada uma determinada partitura coreográfica, o criador só saberá realmente o significado, ou ainda, o que comunica, após apresentá-la.
Durante a criação de uma coreografia, por exemplo, a fotografia pode servir como mote. Dubois define a fotografia como “infinita na imobilidade total, congelada na interminável duração das estátuas”. A imobilidade da imagem fotográfica atesta em seu estado de tempo um movimento simbólico, porque acredita que a realidade da morte é a pausa da vida cotidiana e a perpetuação desse corte é o seu movimento dinâmico. Este dinamicismo da imagem estática se permite através da imaginação, como traduz a própria palavra, dar vida à imagem.
Para a apresentação prática deste bimestre, a estratégia foi separar palavras-chave que traduzissem a pesquisa realizada até o momento, deixando pouco evidente a questão da fotografia em cena. As relações estabelecidas por mim, entre teoria e prática, nesta pesquisa, por enquanto, exprimem-se em experenciar os elementos presentes na fotografia.
Amábile Gabriele Bortolanza
(Fotografia: Alceu Bortolanza)
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