sexta-feira, 30 de abril de 2010
Trans - Mariana Alves
Tronco-raízes-inervações-passagem de informações-movimento-transformação-suporte-transformação-movimento
O processo começou da aproximação e da relação feita entre a coluna vertebral com uma árvore, o jogo de palavras e imagens contido nesses dois lugares foi essencial para o início da pesquisa. A relação de raízes e inervações, idéia do caminho percorrido da seiva bruta e elaborada e do sistema de input e output, me levou a pensar na quantidade de movimentos internos existente num organismo/sistema. Veio então a noção de um movimento que vai e vem, e assim, num primeiro momento, ocorreu uma corporificação cíclica. Assisti também a um vídeo que mostrava como alterar a cor de uma flor, isso ocorria porque era colocado corante na água onde essa flor estava e isso me reforçou a noção da quantidade de movimento existente num corpo, porém percebi que esses movimentos internos têm relação direta com o espaço externo, e o que antes fora corante agora é informação, e a partir desse momento outras relações foram criadas. Eu já não estava mais pensando apenas na relação da árvore com a coluna, mas sim na minha relação com o espaço/ mundo. O quanto sou transformada pelo ambiente com suas informações e o quanto eu transformo o mesmo ambiente. Aquele movimento de vai e vem, isto é, recepção de uma ação e resposta a ela e ciclo passou a ser colocada em jogo, e foi totalmente alterada quando li “Por uma teoria do corpomídia” de Christine Greiner e Helena Katz.
O corpo não é um meio por onde a informação simplesmente passa, pois toda informação que chega entra em negociação com as que já estão. O corpo é o resultado desses cruzamentos, e não um lugar onde as informações são apenas abrigadas. (Por uma teoria do corpomídia - Greiner e Katz).
A grande sacada ocorreu justamente ao me dar conta de que o corpo não abriga informação. Ele é informação no espaço e o espaço é informação contida nele e isso é simultâneo, portanto o processo de transformação é constante, pois a troca também é. Pensei então que quanto mais aberto eu estiver pra essa troca mais informações são geradas e mais transformações ocorrem.
Apareceu novamente a palavra raiz esta, agora, com o sinônimo de suporte e este como possibilidade de novas percepções, mas também de restrições, pois minha transformação tem que estar sustentada sim, mas não pode estar tão fixa ao ponto da imobilidade.
Por enquanto é aqui me encontro, novas possibilidades e olhares são bem vindos... Trocas/movimentos necessários.
O PERCURSO
Gato. Uma longa e flexível coluna vertebral. Estamos falando de 7 vértebras cervicais, 13 dorsais, 7 lombares, sacro e 18 a 26 vértebras coccíqueas. Uma coluna que diferente da maioria dos mamíferos, é unida por músculos ao invés de ligamentos. E ao invés de clavícula, pequena cartilagem clavicular. Seus apoios são extremamente articulares, o que torna sua caminhada suave e segura. Sua calda lhe proporciona uma capacidade de equilíbrio e de "reflexo corritivo" invejáveis, por isso sua capacidade de se ajustar durante uma queda muda a sua realidade de queda durante esta, para aterriçar ao invés de "cair". Sua capacidade articular, flexibilidade, reflexo e equilíbrio lhe proporcionam grande qualidade plástica. A qualidade que eu fui investigar.
Comecei logo de início constatando movimentos (séries) de rotina. A gatinha dorme entre 16 a 18 horas diárias, mas dorme em várias porções. Ao acordar, senta-se, levanta-se, esprigaça-se, e muitas vezes deita e dorme novamente. Quando não isso, pude compreender a existência das seguintes rotinas: 1) investigar, 2) brincar, 3) caçar e a mais impressionante de todas, 4) criar percursos.
A experiência plástica corporal, como gosto de chamar, se deu primeiramente por buscar entender e experimentar no meu corpo como essa caminhada felina se dava. Obtive apoios contralaterais para um movimento visualmente homolateral, e percebi que era mais complexo do que de fato parecia, pois essa realidade se dá com segurança devido justamente ao equilíbrio que lhe possibilita a dita cuja da longa coluna vertebral. Nunca invejei tanto uma cauda como invejei neste dado momento. E foi justamente o fato de não possuir tal segmento no corpo que me fez estratejar a abstração do movimento, o que aconteceria independente de qualquer coisa pela questão artística que me toma. Abstrair a qualidade de deslocar-se no espaço. Embora não tenha uma cauda, tenho uma cabeça, e por assim dizer, pensei em utilizar como a minha referência de equilíbrio, invertendo a lógica mais potente no gato. Assim, já era possível conceber a primeira rotina, "investigar", deslocamento contínuo considerando pausas e retomadas.
Em seguida, fui "brincar". E tive que experimentar a soltura, relaxamento total e parcial das partes do corpo. Suspensão e queda rente ao chão e em sua maioria com amortecimento; também torções e impulso simultâneos. A cabeça sempre orientando a direção do corpo e enfatizando a conexão cabeça-"cauda".
E fui à "caça", que é uma ponte para a quarta rotina, e se dá pelas corridas. Estabeleci-as em pé para conseguir a agilidade, característica que não havia como burlar. Para conseguir manter a sensação da conexão chave escolhida e conseguir velocidade, coloquei a cabeça numa condição levemente inclinada para frente tão quanto o tronco em condição de desequilíbrio contínuo, de forma a não delimitar a direção como "frente", mas colocar o corpo na condição de tirar do chão a potência de avançar com velocidade e colocar isso em evidência.
Por último, o "percorrer ou criar percurso", a astúcia do gato de se cobinar por inteiro em sua capacidade corporal: correr, saltar, girar, agarrar, rolar, tudo isso em deslocamento contínuo e ágil. Diante de tal problemática, eu fui recorrer a outras relações que poderia fazer, e peguei como referência de continuidade, o Le Parkour, uma arte desenvolvida à partir da idéia de se superar qualquer obstáculo de percurso com quaisquer movimentos, o mais rápido e de forma mais eficiente possível. O Parkour -"arte do deslocamento"-, têm várias referências de idealização, entre elas, as artes marciais e o méthode naturelle (Método Natural de Educação Física). Minha pesquisa teórica e experimental continua à partir deste ponto para traçar esse percurso.
O homem certamente nunca saberá o que se passa pela mente de um gato, mas pode aprender muito com ele.
“Por detrás do belo focinho e do olhar penetrante do gato há sempre algo de perturbante e insondável – um âmago exótico e secreto, eco de uma ligação ancestral a cultos sagrados e à necromância. Os gatos são magia pura.” – in “Grande Livro do Gato” – David Taylor
Coluna, centro, extremidades e continuidade
Um eixo para a comunicabilidade.
A princípio havia certa insegurança e precariedade de argumentos e vivências quanto ao processo de criação e pesquisa em dança. A dificuldade em encontrar um ponto de partida para tal pesquisa, me deixou realmente incomodada e até mesmo preocupada com o andamento do processo.
Ainda em sala de aula, surgiram algumas questões como: “qual o princípio da investigação?”, “qual a forma de me organizar?”. A partir daí, sabendo que a forma pela qual nos organizamos reflete na dança, escolhi como ponto de partida as possibilidades de movimentos que a coluna poderia realizar, apoiando-me na anatomia e cinesiologia, tomando como base a imagem da coluna realizando os movimentos de flexão, extensão, inclinação lateral e torção (rotação).
Durante a pesquisa e criação da partitura, partindo desta idéia anatômica, os movimentos resultaram em exercícios de aula, voltados apenas a executar tais posições. Foi quando senti a necessidade em agregar à pesquisa, além das possibilidades de movimento, a sustentação e mobilidade, os limites, a aproximação e afastamento das extremidades, como também o peso.
Tendo sido esta a minha primeira pesquisa, percebi que ao realizar a célula em nível baixo, seria mais fácil passar por todos os movimentos de uma forma mais fluida e contínua, a fim de descaracterizar o formato de exercício.
De acordo com o texto trabalhado em sala, de Jorge Larrosa Bondia, “Notas sobre a experiência e o saber de experiência”, no qual aborda a questão da diferença entre experenciar e experimentar, ficou muito evidente na minha pesquisa a questão de que a experiência é, realmente, cada vez mais rara neste contexto. Há uma grande dificuldade de experenciarmos, introjetarmos para o corpo os acontecimentos e coisas que nos cercam, ou mesmo, de percebermos o que o faz modificar-se e, principalmente, o que o faz mover-se de maneira a transmitirmos sentimentos e ideias.
Percebi que meu corpo apenas “experimentou” os movimentos que propus durante a pesquisa. Um dos grandes desafios desta proposta foi permitir que o corpo internalizasse os movimentos, para em seguida exteriorizá-los, comunicando-se e compartilhando o trajeto percorrido durante a construção da célula. Difícil foi definir o que modificou no meu corpo, ou o que aconteceu no intervalo de cada movimento realizado.
Se na parte teórica, foi possível compreender com mais nitidez as possibilidades de movimento e a passagem entre um e outro, na questão prática, o entendimento não foi tão óbvio. Talvez fosse necessário um período maior de experimentações para aquilatar melhor a compreensão da comunicabilidade através do meu corpo.
Após a apresentação final da célula coreográfica, com todas as questões que emergiram desta proposta, a busca pelo corpo comunicante ficou cada vez mais evidente na minha vida. Encontrar uma motivação, uma razão para estar presente diante de qualquer situação ou espaço, me fez refletir e valorizar cada momento como único para a descoberta da dança no meu corpo. A idéia determinante neste estudo, que inclusive servirá para continuar a pesquisa da dança, é a busca por um corpo capaz de comunicar-se, transformar-se e ser transformado pelo meio.
Amábile Gabriele Bortolanza
Coluna Líquida - Raquel Messias de Camargo
Utilizei-me de duas imagens que ajudassem a manter a coluna alinhada enquanto eu caminhava: uma imagem foi como se estivesse pisando em ovos sem quebrá-los e outra foi como se eu tivesse um balde na cabeça (como as lavadeiras de beira de rio). Em nenhum momento eu poderia derrubar o balde ou quebrar algum ovo. Se eu sentisse que isso aconteceu, enrolaria e desenrolaria para estabelecer uma nova integração. Essa era a minha proposta para os colegas de turma, entretanto não estive nas duas aulas em que isso foi experimentado.
Essa proposta ainda me estava muito rasa e, a partir de uma das leituras que eu fazia à parte sobre técnicas de Educação Somática, tive um contato rápido sobre a técnica Continuum, o qual resumidamente (bem resumidamente) diz que toda vida na terra, inclusive o ser humano, foi moldada pela água. É o movimento da água na terra. Fiz um gancho com o Body-Mind Centering e tentei trabalhar o estado líquido da coluna pela ativação dos fluidos.
Os meus experimentos nortearam-se por isso durante boa parte do bimestre. Experimentei com diversas músicas que me aproximavam dessa sensação e também fiz experimentos com água por perto. A improvisação era bem livre, tentando apenas alcançar esse estado.
Durante a apresentação do primeiro grupo de pessoas, houve algumas discussões acerca de colocar restrições para experimentar e ver o que surge disso. Fiquei pensando sobre e resolvi estabelecer três lugares de passagem para experimentar. Dentro dessa uma semana, experimentei pouco. Não houve tempo hábil para integrar conceito e processo. Portanto, a proposta não ficou clara.
Após a discussão sobre o que havia sido apresentado aos colegas, repensei o que havia acontecido. Os lugares de passagem que eu estabeleci foram externos ao estado líquido que eu já experimentava, portanto não ficou evidente essa pesquisa. Pelo contrário, finalmente comecei a entrar em sintonia com a natureza e algumas das impressões causadas foi uma árvore com galhos secos, típica do outono (haha!).
Enfim, se esta pesquisa continuar, voltarei a experimentar mais livremente o estado líquido e ver que lugares surgem dessas experimentações e não pegar algo de fora do que o corpo já estava começando a acessar. Assim, quem sabe, a informação passada poderá ser fiel à proposta.
EXPANSÃO E CONTRAÇÃO DA COLUNA
Minha pesquisa sobre a coluna vertebral partiu de suas características e funções, de ser sustentação para o corpo, de sua mobilidade e de suas curvaturas naturais. A partir destas características o processo da pesquisa começou a ser desenvolvido, onde o foco inicial foram as curvaturas naturais da coluna vertebral - concavidades para frente e para trás, que são responsáveis pelo equilíbrio e distribuição do peso corporal.
Dessas curvaturas a pesquisa de movimento surgiu do principio de aproximar e afastar membros superiores e inferiores da coluna/ tronco. A coluna vertebral é o eixo do corpo, onde cada unidade vertebral (ossos) forma um canal por onde passa a medula espinhal. Este canal proporciona uma grande flexibilidade do tronco, possibilitando uma agilidade nos membros, pois ela se ramifica para as extremidades.
Através desta flexibilidade do tronco, Isadora Duncan trás em seus ideais a dança baseada na natureza, e nas manifestações culturais da Grécia Antiga, com movimentos livres encontrando uma relação de que vem de “dentro para fora”, buscando através da contração e expansão do tronco uma expressividade total do corpo.
Fazendo relação com a expansão e contração do tronco com os membros, a minha pesquisa de movimento inclui a respiração, onde existe um preenchimento e uma continuidade na movimentação. Martha Graham desenvolveu sua técnica voltada para a relação de respiração e movimento, em uma concentração de forças para um centro motor, seguida da irradiação central, em um ritmo de inspiração e expiração.
Foi dentro da experimentação corporal que desenvolvi a partitura apresentada, trazendo esta expressividade e mobilidade através destes princípios. O corpo, ao longo de processos acumula informações e se apropria delas para novas experiências. Essas novas experiências dão abertura e novas possibilidades para continuar o processo coreográfico que junto com o tempo dará muitas ampliações corporais.
Carina Maragno Trombim
Olhos que ampliam..
Falar e formular células coreográficas a partir de uma estrutura tão importante do corpo humano requer muita pesquisa e experimentação. A coluna vertebral serve de apoio para outras partes do esqueleto e inicia toda a movimentação do corpo. Minha pesquisa inicial teve como ponto de partida a imagem da própria coluna e suas partes, mais especificamente a primeira e ultima vértebra – atlas e cóccix . Para mim, a imagem das vertebras interligadas faz lembrar circulos concêntricos , meus movimentos então seriam em espirais, experimentando a oposição de cada parte do corpo . Todo o movimento deveria partir da primeira vertebra, o Atlas que se articula com o crânio possibilitando flexão e extensão da cabeça sobre a coluna vertebral cervical, bem como suportando todo o seu peso. A cabeça também foi o tema central da pesquisa, pois ela é de suma importância para toda a vitalidade do ser humano. Nela situa-se o cérebro, responsável por toda a fisiologia do corpo, os nossos sentidos : tato, olfato, paladar, audição e visão. Estes responsáveis pela comunicação e expressão com o mundo. Especialmente os olhos, que nos faz estar, expressar e expandir o mundo.
Depois de escolhidos e devidamente pesquisados os temas iniciais - coluna, espirais, cabeça e olhos – parti para a experimentação no corpo. Deixar os padrões e os “pré – conceitos” é a primeira coisa a se fazer, também a mais difícil, é preciso estar aberto a trocas, informações e aos acontecimentos. Passou-se alguns dias para que eu começasse realmente o processo de experimentação, pois apesar de se ter os temas iniciais, a inspiração e a identificação ainda não me haviam ocorrido. Comecei a ter a primeira percepção: meus olhos, que por muitas vezes não estavam realmente “abertos” e presentes para o que acontecia a minha volta e enquanto eu me movimentava. Problema este quase geral dos dançarinos. Se os olhos não “vêem”, como se dá a expressão e a comunicação com o mundo?
Meus movimentos então partiram dos olhos, que cada vez mais tentavam ampliar o campo de visão. Trabalhei com a sensação de limite, quando os olhos já não conseguiam mais chegar por si só, a cabeça entrava em ação. Em espiral, vértebra por vértebra se movimentava, ainda na sensação de limite e oposição. Os olhos sempre iniciavam o movimento na tentativa de enxergar e ampliar todo o ambiente. As extremidades do corpo seguiam por conseqüência das expirais e tornavam-se apoio. Por muitas vezes as pernas e/ou os braços necessitavam chegar antes da coluna ou até mesmo dos olhos para que o corpo pudesse se estruturar e se equilibrar.
Tenho a sensação do corpo em partes, que num movimento continuo se estruturava a partir das necessidades e dos acontecimentos, iniciados pelos olhos que cada vez mais busca enxergar, ampliar, expandir, expressar, comunicar, acompanhar o mundo e carregar experiências de uma vida inteira.
Respiração, Contração e Release (Espiral).
No inicio da minha pesquisa comecei a observar o ato de respirar respirar, sentada, obserei os movimentos corporais decorrentes da respiração. Este movimento foi associado a um movimento de expansão e liberação do corpo, que pode ser denominado release. Um movimento de contração, de deixar o sopro sair, denominado e também observei que o movimento partia sempre de um centro motor, a pélvis, e que se desenvolvia a partir deste centro seguindo a coluna lombar, torácica e cervical até chegar aos membros e à cabeça.
A partir deste princípio de contração e release, pode se perceber que a espiral também é um principio de movimento como sendo uma continuidade entre releases e contrações que parti de um centro motor dando continuidade crescente ao movimento.
Por isso uma contração nunca é igual à anterior, pois ao desenvolvê-la o corpo já se modificou, alongou, cresceu. Sendo assim, comecei perceber o desenho resultante do movimento contínuo entre contrações e releases que se transforma sempre em uma espiral.
Por ao resgatar alguns exercícios para minha pesquisa foi o que achei mais prudente e sincero possível para comunicar esta qualidade de movimento que se da a partir da respiração, a um movimento da coluna. Outro aspecto importante é o centro motor que gera o movimento, a pélvis. O movimento sempre parte do centro (a pélvis) e se desenvolve em direção às extremidades percorrendo sucessivamente a coluna lombar, torácica até a cervical. No que se refere à respiração: abdome, costelas, peito. A importância do centro é imensa, nenhum braço é erguido sem que a força propulsora do movimento parta do centro e se desenvolva até levantar o braço.
A prática de uma técnica como esta tem um imenso poder de integração corporal, pois os exercícios não fragmentam braços, pernas em execuções onde o centro fica esquecido, mas trabalha com o corpo como um todo indissociável a partir do centro e de um estímulo de vida: a respiração. Além disso, o movimento é visto como uma continuidade, o que valoriza o processo, tornando a forma do movimento conseqüência, bem como não supervalorizando o virtuoso, mas o expressivo. Para Graham o movimento não inicia, nem cessa, apenas continua.
Portanto minha pesquisa está em comunicar o crescimento em espiral que vai além do movimento natural decorrente da respiração, pois a proposta é o alongamento crescente seja na inspiração ou na expiração. A diferença é que no release / inspiração este crescimento acontece em linha “reta”’, ou melhor, no empilhamento usual da coluna; e na contração / expiração este crescimento acontece em curva. Sedo assim, a expiração jamais encolhe o corpo, ao contrário alonga-o ainda mais na possibilidade de curvas.
Corpo Coluna
TÂNDARA TRENTIN
FORMANDO UM "C"
Minha pesquisa coreográfica em cima da colula vertebral se fez a partir da idéia de aproximação lateral das extremidades. Aproximar a parte cervical da pélvica, a fim de criar assim uma idéia da letra C. Isso com tendo como base um ponto "X "localizado no centro da coluna, podendo assim isolar a parte superior da inferior.
A partir disso, a movimentação se faz restrita e é meu objetivo descobrir formas de locomoção tendo tamanha restrição e sem utilizar intencionalmente a força muscular e o apoio das pernas e dos braços, e sim apenas o" movimento C" (aproximar e afastar) e a musculatura envolvida na própria coluna e abdômen. Essa parte muscular abdominal encontra-se despreparada na maioria das pessoas, uma vez que não estamos habituados a usa-la para locomoção. É um trabalho dificil e processual, uma vez q exige a preparação muscular e o alongamento como meio auxiliar.
Pessoas com escoliose se aproximam da idéia ( foi a partir da imagem de uma pessoa com um grau de escoliose bem avançado que me inspirei para a pesquisa) mas não são a idéia na integra, uma vez que certa aproximação deve ser feita propositalmente, partindo do centro "X" e voltando para a forma de origem.
Pretendo com essa pesquisa descobrir novos estados de organização corporal, uma vez que envolve conscientização corporal e readaptação muscular, e sim, poder ajudar na recuperação de casos de escoliose, assim como na prevenção dos mesmos.
JULIANA GOMES DIAS
Imobilidades
Experimentando algumas possibilidades, percebi que mesmo existindo a “regra” das hiper-possibilidades, os movimentos implicavam em poucas dificuldades, visto que muito se fazia no solo e em meu corpo tais implicações se tornavam pouco problematizadoras.
Passando para um segundo momento, pensando no texto “Notas sobre a experiência e o saber de experiência” de Jorge Larrosa Bondiá, que fala em experiência e o que é realmente experiência, percebi que minha pesquisa se fazia muito mais no âmbito da confortabilidade do que do inusitado e novo (que define experiência), sendo assim, pensei em como problematizar tal partitura (experenciando-a de fato). Se a priori o mote era não permanecer na posição natural, a oposição seria em não distanciar-se dela.
A regra se fez diferente e a partir daí a pesquisa tomou outro norte: Movimentos corporais, nos planos alto, médio e baixo, intencionando não mobilizar a coluna, ou seja, não desestabilizá-la das curvaturas naturais.
Pensar em movimentos que não mobilizem a coluna vertebral é um tanto complexo, visto que movimentos acontecem por estímulos musculares, por sua vez cerebrais e medulares. Mas a intenção em não mobiliá-la foi o que me interessou. O estado em que este corpo se colocaria ao tentar mantê-la imóvel.
(HÉRCOLES no texto sobre Corpo e Dramaturgia)
Como improviso me pus a experimentar algumas relações/movimentos em que a proposta se fizesse, buscando estratégias para compor a partitura (que fugissem do óbvio, que seria o uso apenas das extremidades, e que utilizassem os micros movimentos como apoio).
(GREINER no texto Dramaturgias do corpo e os seus processos comunicacionais)
Criar estados novos de organização tem sido o intuito desta pesquisa. Infelizmente necessita-se de tempo para que tal estado se estabeleça, e acredito não ter alcançado na prática (visualmente falando) o que intenciono em teoria. Mas o estado interno de atenção que busquei inicialmente foi realmente interessante.
COLUNA: UMA SÍNTESE DAS PARTES
COLUNA: UMA SÍNTESE DAS PARTES
Funções da Coluna Vertebral
- Protege a medula espinhal e os nervos espinhais;
- Suporta o peso do corpo;
-Fornece um eixo parcialmente rígido e flexível para o corpo e um pivô para a cabeça;
- Exerce um papel importante na postura e locomoção;
- Serve de ponto de fixação para as costelas, a cintura pélvica e os músculos do dorso;
- Proporciona flexibilidade para o corpo, podendo fletir-se para frente, para trás e para os -lados e ainda girar sobre seu eixo maior.
Os movimentos da coluna vertebral são o resultado de pequenos movimentos permitidos entre as vértebras adjacentes. A amplitude de movimento entre duas vértebras depende, fundamentalmente, da altura do disco: quanto mais alto o disco, maior seu grau de compressão e, em conseqüência, maior a amplitude de movimento permitida. A direção do movimento, no entanto, depende particularmente da forma e do plano de orientação das facetas zigoapofisárias. Os fatores limitantes de movimento nas articulações em geral, como os ligamentos e o grau de alongamento dos músculos antagonistas aqui também são importantes. A extraordinária mobilidade da região cervical deve-se à altura dos discos, ao plano de orientação das facetas das zigoapófises e ao número proporcionalmente grande de articulações para um segmento curto da coluna.
A curvatura cervical desenvolve-se à medida que a criança tenta erguer a cabeça - por volta dos 3 meses - e se consolida na época de sentar e do engatinhar; ocasião em que estende a cabeça e o pescoço para olhar para frente.
As curvaturas cervical e lombar são compensatórias da postura ereta assumida pelo ser humano. A cervical suporta o peso da cabeça e alivia, em parte, a ação dos músculos da nuca em manter a extensão da cabeça e do pescoço. Nas mulheres, a curvatura cervical é mais branda e a lombar mais acentuada.
Um impulso é transmitido de uma célula a outra através das sinapses (do grego synapsis, ação de juntar). A sinapse é uma região de contato muito próximo entre a extremidade do axônio de um neurônio e a superfície de outras células. Estas células podem ser tanto outros neurônios como células sensoriais, musculares ou glandulares.
Coluna como armadura
Essa pesquisa coreográfica propõe mostrar a rigidez que trazemos, consciente ou na maioria das vezes inconscientemente, na região cervical. Com isso, todo o corpo se enrigesse, e os movimentos ficam duros, contido e inflexíveis.
A coluna, é uma extensão, que vai da cabeça até o coccix, e é ela a qual sustenta e da mobilidade ao corpo. Quando se tem essa consciência, os movimentos corporais se tornam fluídos, expressivos e maleavéis.
No entanto, a minha pesquisa, mostra um corpo enrigessido, fechado, como existisse uma armadura na coluna, e a partir disso, os movimentos corporais não acontecem com naturalidade nem expressividade. Isso também gera para a própria pessoa existente nessa armadura, uma couraça, pois ela se fecha ao que acontece ao mundo em sua volta, não exerce nenhuma comunicação, e não recebe nenhuma informação para ser repassada para seu corpo.
Portanto, a quebra dessa armadura da coluna, constitui em movimentos fluídos, expressivos, naturais, conscientes, e consequentemente torna a pessoa mais flexível as informações vindas de fora, e estabelece uma comunicação vinda de dentro para fora, que seu corpo mostra a partir dos movimentos feitos pela coluna.
Camila Abrão
quinta-feira, 29 de abril de 2010
O peso que carregamos nas costas
Neste bimestre tivemos que criar uma partitura corporal (individualmente) a partir da coluna vertebral/tronco.
Com isso, segui a minha pesquisa dessa forma: a parte do corpo que teria que “enfatizar” seria a coluna/tronco; isso me remeteu a problemas decorrentes da coluna, especificamente a cifose; para demonstrar essa doença/deformidade me baseei na posição da parte superior do corpo segundo Gerald Thomas (“Homem do fim do milênio”); para que fosse mais eficiente a minha pesquisa de movimento, eu estabeleci as qualidades de movimento da Dança Clássica Japonesa Kabuki, para que realmente conseguisse “limitar”/colocar regras na criação, para que a pesquisa não ficasse muito ampla e acabar não chegando a lugar nenhum/a alguma solução. A partir disso que segui com a minha composição coreográfica.
Aqui tentarei explicar alguns itens acima, fazendo alguns complementos a cerca das minhas escolhas para realizar a criação coreográfica:
1. Corpo como lugar: “[...] o corpo é totalmente desservido de um sentido psicológico, intelectual ou moral. Ele se apaga diante da verdade dramática, torna-se apenas um mediador na cerimônia teatral.” (STRAZZACAPPA, 2006, pp. 40-41); como “um lugar ilustrativo de idéias e conceitos” (HÉCOLES, 2004); “o corpo é o lugar onde o produto se realiza, ou seja, um instrumento a ser manipulado pelo raciocínio [...] (ibidem).
2. Postura segundo Gerald Thomas: “[...] criou, nos anos 1980, uma postura estética para os atires de seus espetáculos que ele chamou de homem do fim do milênio. Essa postura era constituída por indivíduo em pé, ligeira flexão frontal do peito e cabeça em flexão posterior. Thomas assumia um discurso estético-filosófico: o indivíduo está em pé, pois é essa posição que distingue o homem do macaco; faz uma flexão do tronco, indicando o cansaço do fim dos tempos – ‘já não agüento mais’; ele resiste e levanta a cabeça – ‘mas tenho que continuar!’” (STRAZZACAPPA, 2006, p. 47).
3. Dança Clássica Japonesa Kabuki : me baseei na estética/qualidades de movimento: movimentos contidos; os passos/pés sempre presos ao chão; expressão introspectiva; tem a intenção de expressar a beleza da idade avançada; ênfase nas mãos, cabeça, ou seja, da parte superior; os movimentos tendem a flexão dos quadris e membros inferiores, abaixando mais o tronco; movimento dos olhos; ênfase nos detalhes, sem virtuosismos.
4. Filme “Balada de Narayama”: para criar a partitura coreográfica também me fundamentei em um personagem (a mulher idosa da família, ‘vovó’) deste filme, e tentar retratar não a personagem em si, mas a vida dura dos idosos, o quanto os seus sofrimentos refletem em seu corpo.
5. Etapas do processo de criação: apoiei-me nesta idéia de Rosa Hécoles para que pudesse ter uma organização na pesquisa: “improvisação (levantamento do material); formalização (seleção e corporificação do material); ordenação (composição de uma partitura); e configuração geral.”
*Hadiji Nagao*
terça-feira, 27 de abril de 2010
Pegadas de uma Coluna Vertebral - Sylviane Guilherme
As árvores crescem sós. E a sós florescem.
Fotos, desenhos, poemas, lembranças, rabiscos, experimentos em um sótão... Como diria Cecilia Salles em “Gesto Inacabado”, essas foram algumas das minhas pegadas deixadas durante o processo de criação da célula “coluna vertebral”.
Aos leitores ocasionais, a célula “coluna vertebral” diz respeito ao primeiro trabalho proposto pela professora Rosemeri Rocha na disciplina de Composição Coreográfica I do curso de Dança da Faculdade de Artes do Paraná.
Em suma, se tratava de compor uma partitura de movimento a partir das relações estabelecidas por cada um de nós (alunos) com o tema central: “coluna vertebral”.
Minhas relações partiram da medula espinhal, não necessariamente da constituição óssea sugerida. Essa estrutura nervosa com todas as suas ramificações, bifurcações, tramas, redes, similar a estrutura dos tecidos de condução das seivas bruta e elaborada das árvores ficou como minha referência. Por sua vez, essas duas imagens trouxeram outro apontamento, a de uma árvore genealógica. Essa, enfim, se tornou a idéia central da minha partitura.
De acordo com Rosa Hércoles em “Corpo e Dramaturgia”, o conceito (mente) e o processo (corpo), são indissociáveis, se formulam e se definem concomitantemente, dialeticamente. Partindo dessa premissa, laboratórios e reflexões se deram simultaneamente, se alterando na mesma freqüência. Os conceitos, a idéia de árvore genealógica - a minha especialmente, ia se transformando durante as experimentações, durante os processos, da mesma forma que os processos iam sendo modificados, a partir dos novos conceitos que iam sendo estabelecidos.
Inicialmente, mesmo com a liberdade de relações que poderiam ser estabelecidas a partir da restrição “coluna vertebral”, houve certa dificuldade de aproximação com a proposição, ainda mais porque existia outro agravante, escasso espaço de tempo para a pesquisa. Jorge Larrosa Bondía em “Notas sobre a experiência e o saber de experiência”, aponta que a velocidade dos acontecimentos, a falta de silêncio, de tempo e de memória, impede a conexão significativa e intensa com o que nos acontece, com o que nos passa. Ludibriar os empecilhos que impossibilitam uma experiência plena foi um dos grandes desafios desse processo.
Em um segundo momento, paralelo aos nossos laboratórios particulares nos foi sugerido que aplicássemos nosso procedimento de pesquisa à outra pessoa da turma. A forma como a mesma idéia se materializa distintamente nos corpos, permite compreender os muitos meios de fazer/ser um conceito. Amplia-se o vocabulário de ação.
Finalmente, apenas nas últimas investigações que a proposição estava se tornando mais orgânica e coerente. Ao revisitar, relembrar e ‘re-experienciar’ os vestígios armazenados do processo criativo, o conceito (mente) se tornou mais claro no processo (corpo), e o inverso também. Uma unidade a partir de fragmentos começou a se estabelecer mais claramente. Uma unidade que culminou em movimentos de pés e pernas, centro axial, braços e mãos, movimentos de um corpo/indivíduo/história.
Sylviane Guilherme
Estou perdida...e agora???
Não esqueçam que o dia internacional da dança é quinta feiraaaaa dia 29.
Vamos participar das improvisações na FAP.
*E quem ainda não sabe postar, é fácil..perguntem aos colegas.
hohoho
terça-feira, 20 de abril de 2010
nao esqueçammmmmmmmmmmmm...........................
postem seus trabalhos!!!!!!!!!!!
ÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊÊ........................
frase para pensar.....
Faz judô, cara! Balé é coisa de macho. A gente sai todo quebrado, contundido, não é moleza não.Atualmente, o meu perfume é Gelol!
brincadeira....mas essa ai vale a pena pensar...
Eu só acreditaria num Deus que soubesse dançar.
Friedrich Nietzsche