quinta-feira, 29 de abril de 2010
O peso que carregamos nas costas
Neste bimestre tivemos que criar uma partitura corporal (individualmente) a partir da coluna vertebral/tronco.
Com isso, segui a minha pesquisa dessa forma: a parte do corpo que teria que “enfatizar” seria a coluna/tronco; isso me remeteu a problemas decorrentes da coluna, especificamente a cifose; para demonstrar essa doença/deformidade me baseei na posição da parte superior do corpo segundo Gerald Thomas (“Homem do fim do milênio”); para que fosse mais eficiente a minha pesquisa de movimento, eu estabeleci as qualidades de movimento da Dança Clássica Japonesa Kabuki, para que realmente conseguisse “limitar”/colocar regras na criação, para que a pesquisa não ficasse muito ampla e acabar não chegando a lugar nenhum/a alguma solução. A partir disso que segui com a minha composição coreográfica.
Aqui tentarei explicar alguns itens acima, fazendo alguns complementos a cerca das minhas escolhas para realizar a criação coreográfica:
1. Corpo como lugar: “[...] o corpo é totalmente desservido de um sentido psicológico, intelectual ou moral. Ele se apaga diante da verdade dramática, torna-se apenas um mediador na cerimônia teatral.” (STRAZZACAPPA, 2006, pp. 40-41); como “um lugar ilustrativo de idéias e conceitos” (HÉCOLES, 2004); “o corpo é o lugar onde o produto se realiza, ou seja, um instrumento a ser manipulado pelo raciocínio [...] (ibidem).
2. Postura segundo Gerald Thomas: “[...] criou, nos anos 1980, uma postura estética para os atires de seus espetáculos que ele chamou de homem do fim do milênio. Essa postura era constituída por indivíduo em pé, ligeira flexão frontal do peito e cabeça em flexão posterior. Thomas assumia um discurso estético-filosófico: o indivíduo está em pé, pois é essa posição que distingue o homem do macaco; faz uma flexão do tronco, indicando o cansaço do fim dos tempos – ‘já não agüento mais’; ele resiste e levanta a cabeça – ‘mas tenho que continuar!’” (STRAZZACAPPA, 2006, p. 47).
3. Dança Clássica Japonesa Kabuki : me baseei na estética/qualidades de movimento: movimentos contidos; os passos/pés sempre presos ao chão; expressão introspectiva; tem a intenção de expressar a beleza da idade avançada; ênfase nas mãos, cabeça, ou seja, da parte superior; os movimentos tendem a flexão dos quadris e membros inferiores, abaixando mais o tronco; movimento dos olhos; ênfase nos detalhes, sem virtuosismos.
4. Filme “Balada de Narayama”: para criar a partitura coreográfica também me fundamentei em um personagem (a mulher idosa da família, ‘vovó’) deste filme, e tentar retratar não a personagem em si, mas a vida dura dos idosos, o quanto os seus sofrimentos refletem em seu corpo.
5. Etapas do processo de criação: apoiei-me nesta idéia de Rosa Hécoles para que pudesse ter uma organização na pesquisa: “improvisação (levantamento do material); formalização (seleção e corporificação do material); ordenação (composição de uma partitura); e configuração geral.”
*Hadiji Nagao*
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