sexta-feira, 30 de abril de 2010

Coluna Líquida - Raquel Messias de Camargo

A proposta da docente Rosemeri Rocha para a disciplina Composiçao Coreográfica I era a criação de uma partitura coreográfica com movimentos partindo da coluna e as relações que eu estabelecia com isso. Em um primeiro momento, parecido com outros colegas, a imagem que me veio à mente era a de uma árvore e seus sistemas de trocas. Desde então, fiquei pensando em como eu poderia trabalhar isso em movimento. Pensei que para um funcionamento de trocas eficiente da coluna fazia-se necessário um alinhamento saudável. Para alcançar isso, baseei-me em princípios de algumas técnicas de Educação Somática, como a Tècnica de Alexander. Dessa forma, meu primeiro experimento foi apenas o enrolar e desenrolar da coluna sempre tentando acessá-la como um todo, e não em bloco.

Utilizei-me de duas imagens que ajudassem a manter a coluna alinhada enquanto eu caminhava: uma imagem foi como se estivesse pisando em ovos sem quebrá-los e outra foi como se eu tivesse um balde na cabeça (como as lavadeiras de beira de rio). Em nenhum momento eu poderia derrubar o balde ou quebrar algum ovo. Se eu sentisse que isso aconteceu, enrolaria e desenrolaria para estabelecer uma nova integração. Essa era a minha proposta para os colegas de turma, entretanto não estive nas duas aulas em que isso foi experimentado.

Essa proposta ainda me estava muito rasa e, a partir de uma das leituras que eu fazia à parte sobre técnicas de Educação Somática, tive um contato rápido sobre a técnica Continuum, o qual resumidamente (bem resumidamente) diz que toda vida na terra, inclusive o ser humano, foi moldada pela água. É o movimento da água na terra. Fiz um gancho com o Body-Mind Centering e tentei trabalhar o estado líquido da coluna pela ativação dos fluidos.
Os meus experimentos nortearam-se por isso durante boa parte do bimestre. Experimentei com diversas músicas que me aproximavam dessa sensação e também fiz experimentos com água por perto. A improvisação era bem livre, tentando apenas alcançar esse estado.

Durante a apresentação do primeiro grupo de pessoas, houve algumas discussões acerca de colocar restrições para experimentar e ver o que surge disso. Fiquei pensando sobre e resolvi estabelecer três lugares de passagem para experimentar. Dentro dessa uma semana, experimentei pouco. Não houve tempo hábil para integrar conceito e processo. Portanto, a proposta não ficou clara.

Após a discussão sobre o que havia sido apresentado aos colegas, repensei o que havia acontecido. Os lugares de passagem que eu estabeleci foram externos ao estado líquido que eu já experimentava, portanto não ficou evidente essa pesquisa. Pelo contrário, finalmente comecei a entrar em sintonia com a natureza e algumas das impressões causadas foi uma árvore com galhos secos, típica do outono (haha!).

Enfim, se esta pesquisa continuar, voltarei a experimentar mais livremente o estado líquido e ver que lugares surgem dessas experimentações e não pegar algo de fora do que o corpo já estava começando a acessar. Assim, quem sabe, a informação passada poderá ser fiel à proposta.

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