Antes de mais nada, preciso pontuar uma coisa tardia. Este é um trabalho de pesquisa paralelo e conjunto a um trabalho artístico que desenvolvo junto ao TrirA Centro de Artes, e que tem como referência de processo, a linha de Stanislavski.
Neste processo, eu dei a luz a personagem Bárbara. Muito espirituosa, intensa, calculista, manipuladora, ela traz à cena um jogo de sedução, resguardo e ataque. A imagem do gato foi se construindo naturalmente, até que um dia, Hany Morgenstern, minha diretora cênica falou: “...ela se move como um gato, pensa como um gato!”. Em paralelo, então surgiu na Faculdade de Artes do Paraná, na disciplina de Composição Coreográfica, ministrada pela professora Rosimere Rocha, a pesquisa de movimento tendo o foco a coluna vertebral. Eu que só organizava os movimentos felinos focando os apoios, vi ali um novo âmbito para pensar essa movimentação e dar-lhe novas possibilidades.
Trata-se de uma linguagem corporal que me era e está sendo muito útil para o processo de concepção da Bárbara, linguagem que estou aprofundando ao mesmo tempo que diversificando. Assim, eu fiz o meu recorte, de um trabalho complexo voltado para o psicológico humano, para uma observação e aproximação relacional com a criatura que considero a mais fascinante de todas, o gato. Não pretendo abstraí-lo aqui, a Bárbara naturalmente já se fez e se faz assim. Também não é um trabalho de representação, mas sim, de uma aproximação relacional propositada, para que se possa atingir um estado corporal muito específico.
Em minha etapa anterior, minha pesquisa chegou aos estudos da técnica do Le Parkour. Isso se dava vista as quatro rotinas que pude organizar baseada em minhas observações da Mimi, minha gata, já relatadas no texto anterior. O percurso é o parkour do gato. No entanto, nos meus experimentos, eu pude me deparar a uma barreira psicológica. Nas minhas leituras sobre o Le Parkour, eu constatei que esta barreira é natural do ser humano, e que sua técnica baseia-se muito além do simples condicionamento físico, mas a um condicionamento mental, a um pré-movimento, a uma pré-disposição para a ação.
Compreendi que a minha limitação de traçar percursos como a um gato, estava no fato de que o estado corporal não estava ainda forte o bastante para tal. Não se trata de um corpo não similar, mas sim de um corpo sem convicção. Embora a aproximação relacional do gato com o ambiente seja por demais delicada e complexa, eu compreendi que agir a ação estava mais ligada ao pensar e organizar, do que me aliar aos gestos. Procurar assemelhar-me foi muito útil para o começo do processo que caminhava para este patamar, mas também sabia que não seria suficiente por muito tempo.
Antes de criar e cumprir percursos, eu precisava me aproximar de algo mais sutil, procurar a lógica do mundo sob o olhar de um gato. É preciso aprimorar o foco, aprimorar o olhar. Isto também me disse minha diretora cênica: “é preciso se apropriar do foco do gato para que os movimentos repentinos deste aconteçam!”.
Além da investigação deste foco corpo e visão propriamente dita, eu adotei a relação do contato físico do gato com o ambiente. Como será que ele pensa o espaço? O que lhe interessa deste? Como ele interage? Como se impulsiona?
No fim das contas, o ultimo questionamento continua sendo o ultimo desde o inicio. Continuarei estudando o gato, sua anatomia e sua fisiologia, e procurando aproximar-me a essa organização psico-física. O percurso continua e certamente, Eugenio Barba não escapará a ele.
“Para entender um gato, devemos levar em conta que ele possui os seus próprios talentos, o seu próprio ponto de vista e até a sua própria moral.” (Lilian Jackson Braun)
Neste processo, eu dei a luz a personagem Bárbara. Muito espirituosa, intensa, calculista, manipuladora, ela traz à cena um jogo de sedução, resguardo e ataque. A imagem do gato foi se construindo naturalmente, até que um dia, Hany Morgenstern, minha diretora cênica falou: “...ela se move como um gato, pensa como um gato!”. Em paralelo, então surgiu na Faculdade de Artes do Paraná, na disciplina de Composição Coreográfica, ministrada pela professora Rosimere Rocha, a pesquisa de movimento tendo o foco a coluna vertebral. Eu que só organizava os movimentos felinos focando os apoios, vi ali um novo âmbito para pensar essa movimentação e dar-lhe novas possibilidades.
Trata-se de uma linguagem corporal que me era e está sendo muito útil para o processo de concepção da Bárbara, linguagem que estou aprofundando ao mesmo tempo que diversificando. Assim, eu fiz o meu recorte, de um trabalho complexo voltado para o psicológico humano, para uma observação e aproximação relacional com a criatura que considero a mais fascinante de todas, o gato. Não pretendo abstraí-lo aqui, a Bárbara naturalmente já se fez e se faz assim. Também não é um trabalho de representação, mas sim, de uma aproximação relacional propositada, para que se possa atingir um estado corporal muito específico.
Em minha etapa anterior, minha pesquisa chegou aos estudos da técnica do Le Parkour. Isso se dava vista as quatro rotinas que pude organizar baseada em minhas observações da Mimi, minha gata, já relatadas no texto anterior. O percurso é o parkour do gato. No entanto, nos meus experimentos, eu pude me deparar a uma barreira psicológica. Nas minhas leituras sobre o Le Parkour, eu constatei que esta barreira é natural do ser humano, e que sua técnica baseia-se muito além do simples condicionamento físico, mas a um condicionamento mental, a um pré-movimento, a uma pré-disposição para a ação.
Compreendi que a minha limitação de traçar percursos como a um gato, estava no fato de que o estado corporal não estava ainda forte o bastante para tal. Não se trata de um corpo não similar, mas sim de um corpo sem convicção. Embora a aproximação relacional do gato com o ambiente seja por demais delicada e complexa, eu compreendi que agir a ação estava mais ligada ao pensar e organizar, do que me aliar aos gestos. Procurar assemelhar-me foi muito útil para o começo do processo que caminhava para este patamar, mas também sabia que não seria suficiente por muito tempo.
Antes de criar e cumprir percursos, eu precisava me aproximar de algo mais sutil, procurar a lógica do mundo sob o olhar de um gato. É preciso aprimorar o foco, aprimorar o olhar. Isto também me disse minha diretora cênica: “é preciso se apropriar do foco do gato para que os movimentos repentinos deste aconteçam!”.
Além da investigação deste foco corpo e visão propriamente dita, eu adotei a relação do contato físico do gato com o ambiente. Como será que ele pensa o espaço? O que lhe interessa deste? Como ele interage? Como se impulsiona?
No fim das contas, o ultimo questionamento continua sendo o ultimo desde o inicio. Continuarei estudando o gato, sua anatomia e sua fisiologia, e procurando aproximar-me a essa organização psico-física. O percurso continua e certamente, Eugenio Barba não escapará a ele.
“Para entender um gato, devemos levar em conta que ele possui os seus próprios talentos, o seu próprio ponto de vista e até a sua própria moral.” (Lilian Jackson Braun)
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