A partir da observação da caminhada de outras pessoas minha composição iniciou, tendo apenas o intuito, por enquanto, de mostrar os diversos tipos e variações de caminhada (rápido, lento, com dificuldade por motivos anatômicos ou estéticos por não saber usar sapato de salto, com pernas soltas ou mais presas/rijas, e tantos outros) e fazer pequenas modificações, releituras do que eu vejo, ou melhor, do que meu corpo consegue codificar e transmitir.
Pude perceber que o estilo de vida e a aculturação de cada pessoa refletem assim em sua caminhada, se é um militar, por exemplo, sua marcha é mais rija, o contrario dos "manos" que demonstram uma marcha com mais swing.
As observações dessas características fora a base para minha pesquisa. Questionaram se eu havia me baseado nos teóricos Alexander, ou em Feldenkrais para refletir sobre a questão de onde a caminhada parte, se da cabeça ou da bacia. Minha resposta foi não.
Para Alexander a cabeça é responsável pelas ações, inclusive a marcha, pois tem a cabeça como ponto inicial para o movimento, e o resto do corpo acompanha (STRAZZACAPPA, 2006). Já para Feldenkrais a bacia tem o lugar de destaque, onde o movimento e consequentimente a caminhada tem seu inicio, neste centro de orientação (idem, ibidem).
Não tive por base esses teóricos, citados anteriormente, porém tenho como embasamento a pura observação, do que vejo das caminhadas alheias e não da minha, como são e como se dão, e o estudo do meu corpo respondendo as estas experiências, como meu corpo corresponde aos multiplos estímulos visuais, daquilo que eu testemunho do andar dos outros corpos com seus diferentes padrões. Assim sendo, por plena escolha, decidi evidenciar especificamente as pernas para essa experimentação.
Penso em utilizar apenas as pernas para solucionar a estes estímulos, logo, é claro, os quadris e a coluna farão parte desta prática, mas quero somente demonstrar e poder sentir esta vivência com as pernas e passar para o expectador essa sensação exclusivamente das pernas, que podemos poeticamente contemplar no caminhar de um transeunte.
foto: paula-travelho.blogs.sapo.pt
Tândara Trentin
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