quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Percepção Auditiva: o som em movimento

O ambiente está repleto de som, este é produzido constantemente e em qualquer lugar, desde sons musicais a todo e qualquer efeito sonoro, como sons da natureza, sons dos animais, dos objetos, entre outros. Pode-se dizer que não existe silêncio absoluto.

O sentido da audição possui a capacidade de analisar e entender auditivamente as propriedades das ondas sonoras. Para este evento, Segundo Aaron Coplando em seu livro “Como ouvir e entender música”, podemos chamar de Plano Geral, quando não nos damos conta do que ouvimos ou de que forma ouvimos. Há também, o plano significativo, quando o indivíduo torna-se mais atento, buscando um significado para os sons ouvidos ou produzidos. Levando em consideração os eventos que classifica Aaron, minha pesquisa será feita no plano significativo, quando os sons são captados e selecionados de forma consciente, atribuindo significados às ondas sonoras. Em minha prática, a partir da seleção do som, a reação acontecerá através de movimentos corporais.

Minha pesquisa então, propõe a percepção de maneira consciente, levando a atenção para os sons contidos no ambiente e através dele gerando movimentos em resposta aos estímulos. Para perceber de maneira mais consciente os sons contidos no ambiente, fez-se importante levar a atenção e estimular o órgão sensorial auditivo. Para tanto, primeiramente, serão abordadas as propriedades do som (conceitos de amplitude, ondas sonoras) e uma breve passagem pela fisiologia do ouvido humano. Através da acústica e da psicoacústica[1] pode-se aprender a respeito das propriedades físicas do som e do modo pelo qual este é interpretado pelo cérebro humano.

Nas experiências vivênciadas até agora, para iniciar qualquer movimento em resposta ao estímulo, o procedimento utilizado nesta pesquisa foi, primeiramente, o uso da pausa e da permanência do corpo em várias posições diferentes (deitado, sentado, de cabeça para baixo, de costas, etc.), em relação ao som selecionado. Também, a opção de mudar de posição alternando os intervalos de tempo. Utilizando esta metodologia durante as experimentações, o corpo interpretou, selecionou e organizou os sons do ambiente, possibilitando a percepção das informações sonoras de maneira mais clara.

Para obter tais resultados, optou-se em focar essencialmente na audição e perceber de que forma os outros sentidos contribuíam para a percepção do som. O corpo ficou suscetível a outros estímulos mais sensíveis, como por exemplo, o tato. “A audição e o tato se encontram no ponto em que as mais baixas freqüências de sons audíveis passam a vibrações tácteis (cerca de 20 hertz). A audição é um modo de tocar a distância, e a intimidade do primeiro sentido funde-se à sociabilidade cada vez que as pessoas se reúnem para ouvir algo especial” (SCHAFER, 2001, p. 29).

A partir do tato, notou-se micro vibrações do som ao tocar a pele. As micro vibrações me fizeram imaginar imagens de ondas sonoras se propagando no ar em movimentos espiralados. Logo, o corpo respondeu a estes estímulos através de movimentos em espirais, que é para onde minha experiência corporal está se encaminhando.

Neste momento, estou investindo na investigação dos movimentos em espirais, como isso reage com os estímulos sonoros, como transmitir as sensações que tenho dos sons ambientes para corpo. Como lidar com conceitos de amplitude, duração e propagação do som no corpo.


[1] Psicoacústica é o estudo de como os seres humanos percebem o fenômeno sonoro. Aqui o interesse é a resposta subjetiva ao som em termos de sua altura, volume, duração, timbre e posição aparente. As categorias do estudo da psicoacústica não são estanques, pois existe considerável interdependência entre elas. Por exemplo, a nossa sensação de altura é dependente do tempo, e nossa percepção de volume varia consideravelmente com a freqüência e o timbre.


COPLAND, Aaron. Como ouvir e entender música, São Paulo: Editora Artenova, 1974.

SCHAFER, R. Murray. A afinação do mundo. 1 edição – São Paulo, SP: Fundação editora da UNESP (FEU), 2001.


Franciele Pasturczak

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