quarta-feira, 14 de setembro de 2011

DESCONSTRUÇÃO

A cena acontecia da seguinte forma: eu sentada, em frente ao meu computador, lendo e escrevendo, escrevendo e lendo, assim sucessivamente até que me deparei com a seguinte frase de minha orientadora, que era mais ou menos assim : "você precisa e agora da prática, chega de pensar e ser racional, é hora de colocar sentimento, subjetividade e emoção, dar sentido ao que você tanto justifica não ter sentido algum"
Então la vinha mais um desafio: como parar de pensar se a teoria ainda estava frágil e não havia o que me apoiar? Ai o lado artístico teve que prevalecer e me direcionar. Comecei meus estudos práticos procurando perguntas que me movessem a descobrir o que eu queria e o que se passava em mim nessa transição prática/teórica. Procurei sempre filmar o que estava experimentando , e sempre revendo os vídeos, notava e anotava pontos que era de comum acordo entre meu corpo e a teoria, coisas comuns que marcavam a caminhada a uma prática que fizesse e me reverberasse sentido para continuar.
Entre os meus estudos corporais notei que uma determinada linha de lógica me fazia sentido quando eu estabelecia um movimento, e o desfazia pelo mesmo caminho que iniciei. Era uma forma de começar a desvendar a desconstrução em meu próprio corpo. Foi um "start" pela busca de sentidos e logicas corporais que aos poucos vem compondo minha prática, desconstruindo meu corpo e movimento por ele mesmo.

BRUNA ZEHNPFENNIG

2 comentários:

  1. Este comentário foi removido pelo autor.

    ResponderExcluir
  2. Reconheço na sua fala “agora precisa de prática” em meu próprio trabalho coreográfico. O tema escolhido, desconstrução em si oprime qualquer construção, e por isto é legal saber que você está criando seus caminhos, sua lógica, vencendo a si. A desconstrução está se fazendo no seu corpo, no seu discurso e vai tomando forma uma vez enraizada. Às vezes escolhemos temas que parecem tão maiores que nós mesmos que faz crescer um medo, mas acho que escolhemos porque ele é parte de nós e precisam ser descobertos, compreendidos. Somos seres comunicativos e complexos, o que nos faz buscar maneiras de expressar suas verdades, ilusões e crenças. No fundo é o que os alunos compositores de coreografias e de textos querem: coerência.
    Que sua prática te acompanhe, muito além de técnica e conteúdo, da mente e corpo, “do bem e o mal” ou qualquer dualidade cartesiana. Que o exercício cartesianismo seja botado de lado
    Não acho, como pensava no início, que o tema era maior que você, ele agora é você.

    ResponderExcluir