quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A MOSCA – obra e processo coregráfico


Trago em voga a obra coreográfica A Mosca, antiga coreografia da TrirA, que foi escolhida para remontagem pela equipe pedagógica (diretoria e professores) para ser um repertório focado para Mostras e Festivais de Dança, uma forma de mostrar o jeito da TrirA pensar e fazer dança. A Mosca está com o processo finalizado momentaneamente, sofrendo algumas variações quando o número de bailarinos disponíveis no grupo varia.

A coreografia recebeu mudanças em decorrência de processos que focavam o entendimento e apropriação dos bailarinos em relação a temática coreográfica. As coreógrafas utilizaram de movimentos que surgiram naturalmente no grupo para adaptar A Mosca para um contexto mais atualizado e coerente. Desta forma, foram feitos laboratórios de improvisação com proposta visando a expressividade decorrente da idéia proposta para a obra, o cômico, o sátiro, o bizarro.

A obra tem como trilha sonora a música Mosca Na Sopa, do músico brasileiro Raul Seixas, e que já era utilizada na antiga montagem. A coreografia é inspirada e apoiada pela letra e construção da música, por isso, cenicamente partituras coreográficas e musicais se somam para causar efeito. Desta forma, os momentos de repetição da música, servem para reafirmar que, o incomodo estará sempre e em todo o lugar, quando Raul insiste em cantar “E não adianta vir me detetizar (…) porque você mata uma e vem outra em meu lugar (...)”.

No geral, a composição da Mosca é muito simples em seus recursos de efeito e muito objetiva na temática. Além do corpo em cena, apenas o figurino -apenas peças com tecido de meia calça coloridos, sobrepostos e rasgados, acompanhado de tope coloridos por cima de colant preto- é usado para reforçar a imagem bizarra, sendo uma poluição visual a primeira instancia, uma vez que o figurino é único e próprio de cada bailarino que apenas obedece as escolhas estéticas já estabelecidas ao figurino. Por se tratar de uma coreografia onde os bailarinos usam muito o chão -utilizando-se de todos os níveis-, os figurinos são frágeis (podem desfiar com facilidade) e dança-se descalço, A Mosca é uma coreografia feita para o palco. Feita com o desejo de arrancar risos da plateia, com suas organizações inusitadas e simples com seus pequenos momentos de variações de fluxo, e muitas caretas. Assim, a MOSCA é uma obra que visa uma crítica suave a sociedade e aos comportamentos mesquinhos humanos, por meio da descontração e do bom-humor.

Caroline Natalie Stroparo

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