quinta-feira, 30 de junho de 2011

Cativeiro ainda não acabou.



Para os navegantes que por aqui baixarem âncora, esta postagem é parte de um processo avaliativo da disciplina Composição Coreográfica II do curso de Dança da Faculdade de Artes do Paraná. Venho por este meio compartilhar um bocado da minha pesquisa. Este bimestre, mais do que referenciais teóricos e afins, fui muito enriquecida por discussões com colegas de classe. Então, eis que emerge o que estava faltando: eu mesma dentro da pesquisa.

Situações de exclusão, de sentir-se à margem - pelas quais eu passei -, mas, ao mesmo tempo, um sentimento bom de coragem. Surge daí a vontade que vai além de entender as manifestações negras da cultura popular brasileira, que é entender a questão social do negro no Brasil.

Por que num país em que a maioria da população é negra, existe um preconceito crucial com os mesmos? Por que a taxa de mortalidade entre crianças negras e pardas no Brasil é dois terços superior à da população branca da mesma idade (IBGE, 1996)? Por que um negro (ainda que bem vestido) é pedido pelos seguranças para se retirar do shopping Estação que fica no centro da cidade - Curitiba? Por que os negros são minoria nas faculdades? Por que quase não há heróis negros reconhecidos? Por quê, por quê?

Qual é essa lógica que exclui que perpetua na sociedade atual? Que, aliás, não se refere apenas aos negros, mas a todos aqueles que são reféns desse sistema que deixa as relações humanas às avessas. A questão é muito mais profunda que cor de pele, entretanto, nesse momento, a minha escolha é essa por fazer parte da minha história de vida.

Na parte prática do trabalho, os experimentos foram surgindo dos questionamentos sobre a margem, sobre a sensação de liberdade corrompida, até que cheguei no procedimento que inclui a parede. Usar o tônus com a ação de empurrar, me trouxe a sensação de tolhimento, tal qual as situações que já passei.

Mil e uma idéias estão borbulhando, mas as pernas só caminharam até aqui por enquanto.


Levanta, nego.
Cativeiro ainda não acabou.


Raquel Messias

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