segunda-feira, 27 de junho de 2011

Inversões - onde por meus pés?


Por esses últimos tempos minha grande pergunta é - o que todos os homens têm em comum, o que em si é inerente que faz com que sejamos diferentes de todos os outros seres vivos? De certa forma é esse o questionamento que vem caminhando e encaminhado para minha pesquisa. Já compreendi que essa não é uma questão tão simples de se achar respostas, que pode ser que essa questão caminhe comigo por muito tempo ou por toda a vida, que então não será possível responder a mim mesma com o trabalho do último ano de faculdade, porém é dessa oportunidade de início de pesquisa que irei começar a trilhar o caminho para aprofundar e quem sabe compreender de vez essa grande incógnita. Com algo tão amplo assim, e ainda mais em meus primeiros passos, fica muito fácil de perder e de encontrar sentido em todas as coisas que vejo. No bimestre que se passou minhas reflexões ficaram a cerca da dança, educação e transformação, tendo deixado claro que venho tentando compreender toda essa questão através da lente materialista histórica dialética. Então, depois de tanto pensar qual seria o próximo passo reconheci que se quero falar de algo que se aproxima de determinado ponto de vista, tenho que primeiramente compreende-lo. Para isso recorri a um texto já utilizado no bimestre passado, em outra disciplina, “Reflexões sobre a história” de Fani Goldfarb Figueira, o qual me ajudou a compreender de fato que quem constrói a sociedade e o mundo é o próprio homem, com sua capacidade de relacionar e interferir no meio que está inserido, assim sendo produtor de necessidades a todo o momento. Nesse texto também compreendi que quando nos conformamos com determinada realidade ou quando dizemos/achamos que esta é a correta estamos matando toda nossa história, pois somos movidos pelas transformações, que ocorreram e que continuamos a mover, e se há um correto ou imutável nenhuma transformação a mais deverá acontecer, essa afirmativa me trás alimento para acreditar que o mundo, do modo como hoje está posto, não foi sempre assim e muito menos precisa continuar sendo. Para reforçar e compreender ainda mais o olhar através dessa lente recorri ao livro “O que é Marxismo” de José Paulo Netto, da coleção Primeiros passos, porém esse li apenas as vinte primeiras páginas, devido à sobrecarga de outros afazeres. E nesse exato ponto, relato minhas experiências práticas a cerca da pesquisa.

De pernas pro ar e sem meus pés no chão experimento todo o peso de estar inserida numa sociedade que está, segundo Eduardo Galeano, “... com a esquerda na direita, o umbigo nas costas e a cabeça nos pés.”.

Com quem você está e para quê? Foi o mote, sem saber, para essa nova prática que esta se dando em meu corpo. Os pés para cima, onde irei colocá-los e porque aqui e não ali ou quem sabe acolá? Com quem estou ou com quem quero estar? Por quê? Para quê? Preciso por meus pés em algum lugar! E como é difícil assumir um posicionamento. Fácil é deixar-se levar pela massa ou pela maioria, quando não, ficar exatamente em cima do muro para quando for conveniente pular para lá ou para cá, assim sem compromisso. Preciso por meus pés em algum lugar e enquanto isso não acontece reconheço toda a inversão do mundo, uma vontade de ir para algum lugar, talvez até caminhar com as mãos, mas como se não tenho forças, ou quem sabe tocar os pés no teto, também não é possível, reconheço e assumo que não posso querer a continuar enxergando o mundo com seus valores invertidos ou então me inverter para poder vê-lo de forma correta, tenho é de por meus pés no chão e a partir daí... não sei o que vai dar.


Mariana Alves

Um comentário:

  1. Como é difícil viver em um mundo onde tudo é produção de mercado, criar maquinas para execução. A sua discussão é sobre, o que é o homem e como nosso modo de viver interfere em nossa vida, em nossa dança. A minha falta de força para dançar não vem só de uma crise de dança acoplada a técnicas e a cansaço, mas a uma forma que eu não quero mais viver e o que eu faço com isso é a pergunta essencial nesse momento.
    Alana Muniz

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