quinta-feira, 23 de junho de 2011

Olá leitores do An-danças!
Depois de muito tempo sem postar, estou[1] aqui novamente para compartilhar alguma coisa. E o que venho compartilhar com vocês hoje, é sobre o meu Trabalho de Conclusão de Curso.
O tema é "O CORPO FEMININO, A MODA E A VIDEODANÇA: RELAÇÕES FETICHISTAS", e como próprio tema já diz, estou pesquisando fetiches e erotismos. Tenho a pretenção de investigar a moda feminina e os fetiches que ela pode causar, a partir do imaginário masculino (heterossexuais) quando vêem uma mulher vestida de uma determinada maneira e quais são as vestimentas que estão mais presentes e ligados a essas taras e fetiches.
Muito bem, depois de explica-los de uma forma bem sucinta sobre o tema do meu trabalho, quero partilhar um momento bem bacana que aconteceu em sala de aula.
Nosso professor da disciplina de Composição Coreográfica, Giancarlo Martins, nos pediu que dividíssemos um pouco de nossas pesquisas com os outros colegas da turma, para que todos pudessem acompanhar o processo de pesquisa. Quando chegou meu dia de apresentar algo à turma, eu leveialguns retalhos de tecidos para que o pessoal me dissesse o que eles sentiam quando o tecido tocava a pele e quais as sensações e lembranças que os remetia. Os tecidos que os apresentei foram, rendas, veludos, cetins e musselines, tecidos estes que dentro do erotismo/fetichismo, tem uma definição e significado diferente para cada um, mas, no entanto, todos voltados ao erotismo.
A resposta do grupo foi parecida (falaram de maciez e delicadesa dos tecidos) com o que consta na literatura e também com as respostas que consegui de alguns homens heterossexuais (maciez, delicadeza e jogo de "esconde-esconde", ou seja, mostrar e revelar ao mesmo tempo), sobre o assunto.
Discorri sobre o significado dos tecidos, que se apresenta na literatura, que repasso a vocês:
  • Cetin, seda, usseline: representa a maciez da pele macia da mulher [2];
  • Veludo, pele (sintética ou natural): reminisência dos peles púbicos da mulher [2];
  • Renda: sutil convite ao território proibido [2] (pelo fato de esconder e revelar, ao mesmo tempo).

Assim que discorri sobre os significados, houve bastante interesse em querer saber mais sobre outros tecidos, e em quais roupas eles melhor se aplicam. E quando eu falei que as cores também tinham papel importante no erotismo/fetichismo nas roupas, não apenas o tecido, os questionamento (interesse) foram maiores.

Acredito que essa troca de informações foram bastante produtivas, acabou que aconteceram outros debates em torno do assunto, falou-se de sexualidade, satisfação de fantasias, o modo de relacionar-se com o outro, o como a roupa influencia a opinião de quem vê e a capacidade de seduzir ou não, entre outras coisas.

Fiquei satisfeita com esse dia, espero que os outros que vierem a acontecer sejam tão bons quanto este foi...

É isso. Esse foi um momento de compartilhar com vocês uma ocasião que para mim foi bastante proveitosa.

Até a próxima.

Tândara Trentin [1].

[1] Discente do 4. Ano do Curso de Dança da Faculdade de Artes do Paraná - FAP.

[2] FISHER-MIRKIN, T. O CÓDIGO DE VESTIR: significados ocultos da roupa feminina. pp. 68-69. Rio de Janeiro, RJ. Rocco, 2001.

3 comentários:

  1. O 'sutil convite ao território proibido' pegou né? Estive presente no dia do seu trabalho, e não tem como descartar a memória sensorial da experiencia vivida naquele dia, que me resulta na certeza do quanto é 'deliciosa' a vida! Em todos os sentidos a memória semsorial (corresponde ao armazenamento de informações de todo tipo que chegam até os nossos sentidos. Podem ser estímulos visuais, auditivos, tácteis, olfativos, gustativos e proprioceptivos. Uma vez processadas, as informações são transferidas para memória de curto prazo. O traço de memória sensorial permanecerá no sistema se receber atenção e interpretação) me serve para afirmar o quanto vale a pena viver! ' recordar é viver', e eu adoro seu trabalho! Beijo, Julyana Pinheiro.

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  2. Ola!
    Primeiramente, parabéns pelo seu trabalho. Ele está ficando mais interessante a cada etapa!
    Compartilhar nossos trabalhos é ótimo. Abre os horizontes do conhecimento e nos faz ter idéias para os nossos processos.
    Sua pesquisa me instigou a pensar no quanto uma vestimenta ou um trejeito demonstra como somos. É interessante pensar que os tecidos, as roupas e a moda de "hoje" vem sendo construida ao longo de muitos anos, provém de uma vasta pesquisa acerca da cultura, da sociedade, do gosto, etc. E nossa sensação está ligada a toda esta história, estas pesquisas, que torna-se hoje, para nós, cultural.
    Observar que a moda, os tecidos contribuem diretamente para a criação do imaginário, do fetichismo masculino. Este imaginário, gera atração entre os sexos, ou como você mesmo colocou, sugerindo um "sutil convite ao território proibido".

    Grande Beijo!

    Franciele Pasturczak

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  3. Olá Tândara,
    Fiquei bastante reflexiva depois de ler e ver a apresentação da sua pesquisa. Talvez por termos como objeto central das nossas investigações o mesmo mote: o feminino.
    O que me intriga mais é a abordagem que estamos dando aos nossos estudos que, de alguma forma, me parecem bastante díspares.
    Enquanto me debruço sobre reflexões acerca das formas históricas de opressão à mulher, você enaltece um aspecto que, há tempos, nos aprisiona enquanto gênero: a espetacularização do sexo feminino.
    Já se deparou com autores que estejam discutindo a mulher como mercadoria? O feminino subtraído à objeto sexual? A banalização da mulher enquanto ser integral, em contra partida à hipervalorização do corpo e das suas propriedades sexuais?
    Há discussões sobre fechitismo e reificação que podem contribuir com suas reflexões. Outras leituras feitas por ângulos diferenciados talvez te aproximem de aspectos mais profundos da luta travada secularmente pela mulheres. Libertarem-se do estigma ao qual foram submetidas nos últimos séculos faz-se emergencial. O fardo de sermos as portadoras das "vulvas dentadas" que devoravam homens insdiscriminadamente, e eram as responsáveis pelo fracasso da humanidade, vide a bíblia e sua reconhecida história de Adão e Eva, por conta da última, do seu pecado, da sua curiosidade e desobediência, toda a humanidade foi fadada à mortalidade, já é bastante pesado para ser reforçado.
    Não sei, talvez meus questionamentos não te suscitem reflexões parecidas, mas ficam aqui minhas observações.
    Até que ponto sua pesquisa contribui para a luta históricas das mulheres rumo à libertação? Acha que suas leituras podem contribuir para a emancipação do nosso gênero? Ou elas corroboram para aprofundar nossa condição nessa sociedade mercantilizada?
    Enfim, vamos conversando, ainda temos muito o que trocar nessa empreitada acadêmica e artística.

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